sábado, 18 de outubro de 2014

E o poeta, como fica?

O difícil entendimento dos poemas dificultam a posição dos poetas na sociedade, já que o público atual tem um certo ''desinteresse'' nas Obras Literárias.


Foto histórica dos autores de poemas maravilhosos: Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Paulo Mendes Campos.

O papel que o poeta vem desenvolvendo na sociedade tem sido um tanto complicado, pois atualmente é difícil entreter o público. Devido alguns fatos que vem ocorrendo em nosso dia-a-dia como, por exemplo: a tecnologia, o desinteresse pela leitura e o difícil compreendimento das palavras que são usadas nos poemas escritos.
O trabalho do poeta não é apenas abordar assuntos de romance, beleza e sonhos, mas também relatar sobre assuntos sociais, denunciando e criticando fatos reais que acontecem em qualquer país. Os autores em geral trazem com as poesias alguns sentimentos, despertando a imaginação dos leitores, aprofundando o conhecimento dos mesmos, inspirando os admiradores de seu trabalho. Desde quando começou a se fazer a poesia, os poetas vêm relatando a realidade tanto dos lugares em que se vive, quanto da população, chamando atenção para os problemas da sociedade.
Podemos perceber que quando vamos a uma livraria, os estandes que contem livros sobre poesia, estão esquecidos em um canto, assim deixando os poemas como algo ‘‘velho’’, fazendo com quem os jovens não se interesse pela poesia.
Mas é importante destacar o verdadeiro trabalho que os poetas vêm se dedicando. Seu belo resultado demonstra o quão bom é perceber o real valor do poeta, tornando uma linguagem que poucos conseguem entender e assim dizendo o escritor alemão Herman Hesse: “um Teatro Mágico só para raros, ou para iniciados”.


Uma torradeira inusitada!



Propaganda feita pela aluna Rayane

Quem nunca sonhou com um desses? Agora você pode tê-lo!



Propaganda feita pela aluna Mylena


Conheça a verdadeira diversão para a criançada!



Propaganda feita pelo aluno Elom

Shampoo radical!



Propaganda feita pela aluna Kamylla


Seu carro dos sonhos!



 Propaganda feita pela aluna Mariana

Novo desodorante de pimenta!


Propaganda feita pela aluna Graziela

Ignácio de Loyola Brandão


Ignácio de Loyola Lopes Brandão nasceu em Araraquara - SP, no dia 31 de julho de 1936, dia de Santo Ignácio de Loyola, filho de Antônio Maria Brandão, contador, funcionário da Estrada de Ferro Araraquarense, e de Maria do Rosário Lopes Brandão. Foram, ao todo, cinco irmãos: Luiz Gonzaga (1933), Francisco de Assis (1934 - já falecido), Ignácio, José Maria (1946 - já falecido) e João Bosco (1953). Inicia seus estudos na escola primária de D. Cristina Machado, em 1944, onde cursa o primeiro ano. No ano seguinte transfere-se para a escola da professora D. Lourdes de Carvalho.  Seu pai, que chegou a publicar histórias em jornais locais e que conseguiu formar uma biblioteca com mais de 500 volumes, o incentivou a ler desde que foi alfabetizado.  Sua carreira foi influenciada por seu pai, que o incentivou a ler quando pequeno e montou uma biblioteca com 500 volumes, além de publicar histórias em jornais da região. Em 1952, consegue publicar uma crítica de sua autoria no jornal Folha Ferroviária.  Ignácio vai para a Itália em 1957 para tentar arrumar trabalho como roteirista em Cinecittà, complexo de estúdios e teatros que fica na periferia de Roma. Retornou ao Brasil e começou a escrever “Os Imigrantes” junto a José Celso Martinez Correa, Em 2000, Ignácio de Loyola Brandão ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas pelo livro “O Homem que odiava a segunda-feira”.

Fontes:
http://www.infoescola.com/biografias/ignacio-de-loyola-brandao/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Rodolfo_Valentino#Filmes_sobre_Valentino

http://www.releituras.com/ilbrandao_bio.asp


Calcinhas Secretas

 IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

Caminhando pelas calçadas congestionadas por camelôs que pagam propinas aos vereadores e, portanto, estão autorizados a montar suas barracas, ele hesitava diante da quantidade de bancas vendendo calcinhas e sutiãs. Desde que a Tiazinha começara a ter sucesso, as bancas exibiam modelos os mais diferentes, procurando excitar as mulheres na conquista dos amados. Percebeu que parte dos compradores eram homens e ficou na dúvida. Para eles mesmos ou para as mulheres? Parou diante de uma nordestina de rosto marcado por sulcos profundos e escolheu uma calcinha vermelha, uma preta aberta na frente e duas de renda. “Se levar meia dúzia, ganha uma de brinde”, disse a vendedora, com os olhos iluminados pela esperança. Como na feira, pensou ele. Quem compra quatro pastéis leva um de brinde. Por toda parte, promoções para segurar freguês.
Em lugar de calcinhas, pediu dois sutiãs e a vendedora mostrou-se agradecida. “Tomara que façam sucesso, que ela goste e o senhor volte.” Ela goste! A vendedora não podia, nem de longe, prever as intenções dele. Era uma idéia que não tinha ocorrido de repente, ali, diante do mar colorido de peças íntimas. Foi almoçar no Ponto Chic, tomou dois chopinhos, um antes do Bauru, outro depois, consultou o relógio e seguiu para o cinema. Já havia uma fila, Med Gibson tem um fã-clube no centro da cidade. A sala estava fresca. Escolheu uma fileira central, espectadores vieram sentar-se perto, ele trocou de lugar. Foi mudando até localizar-se em um canto deserto.
Vibrou com o Mel Gibson distribuindo porradas e tiros. Decidiu abrir o pacote e, no escuro, não soube qual das calcinhas estava sendo retirada. Não importava. Deixou a peça pendurada no braço das poltronas, pensou melhor, apanhou um sutiã, jogou no chão e mudou de lugar. Era mais completa a ação. Instalou-se num ponto estratégico e ficou à espera. O filme terminou, as luzes acenderam-se, as pessoas começaram a sair. Suspense. Será que ninguém veria as calcinhas? Uma mulher bateu os olhos, virou-se para o companheiro, apontou. Os dois gargalharam: “Aqui foi quente. Aqui, sim, passou uma máquina mortífera.” Sentaram-se, espantados e curiosos, para saborear reações. Um senhor deu com a calcinha, reprovou com um gesto de cabeça. Não demorou para que se formasse um grupo que ria, comentava e imaginava o que se teria passado no escuro da sala. Alguém descobriu o sutiã no chão, os murmúrios cresceram. O mistério aumentou.
Um policial surgiu para ver o que acontecia. Chamou o lanterninha, um velho manco. O homem contemplou as peças rendadas e ficou parado, sem decidir o que fazer. Não teve coragem de pegar as peças. Sabe-se lá o que tinha acontecido. Disse: “O faxineiro cuida disso.” O seu rosto mostrava assombro e alegria. Algo de diferente acontecia na mesmice das sessões. Seu trabalho era quase inútil, ninguém mais precisava de um orientador no escuro. Permanecia no posto pela amizade do exibidor, com quem começaria trinta anos atrás. Sempre de lanterna na mão. Devia ser o último de uma categoria em extinção. As condições de trabalho tinham piorado tanto, que ele era obrigado a comprar do próprio bolso as pilhas para a lanterna. O que fazia com alegria, uma boa luz era o seu orgulho.
O policial ficou exasperado: “Vejam que imortalidades se passam num cinema. Se eu pegasse o elemento! Chamem o gerente.” O que podia fazer o gerente? Suas atribuições não eram no escuro da sala. Situação para o lanterninha: “Eu? Quer dizer que tenho de passar a sessão inteira varrendo a sala com a lanterna? Vai ser uma bronca só. Além do mais, gastaria dez pilhas por semana. Isso é com a policia, que fica assistindo a filme de graça.” O policial irritou-se: “Isso não pode ficar assim.” E o gerente: “O que vamos fazer?”



Calcinhas secretas II


A nova sessão começou, o gerente voltou à sua sala, o lanterninha e o policial passaram vinte minutos rodando pelos corredores, aproximando-se dos casais. Postavam-se diante deles, ostensivamente; o lanterninha iluminava-os, tentando surpreendê-los. O que provocou protestou de um homem, que se levantou, interpelando-os duramente. Com medo, o lanterninha retirou-se e o policial pareceu desistir. O homem que tinha levado o pacote de calcinhas esperou dez minutos, rondou à procura de outro lugar estratégico, repetiu a operação, deixando a calcinha à vista. Mudou de lugar e outra vez colocou pistas falsas. Aguardou.
No intervalo, as pessoas fizeram grupinhos diante das calcinhas espalhadas e logo gerente, lanterninha, policial, faxineira e dois funcionários do cinema correram, nervosos: “O que está acontecendo? Se fosse uma sala de quinta, que exibisse pornôs, eu entenderia. Mas esse é o último cinema do centro que conserva sua dignidade.” O gerente colocou os dedos no nariz do policial: “Resolva o assunto. O senhor só assiste aos filmes numa boa, come cachorro-quente de graça, dorme lá atrás em cada sessão.”
O policial riu: “Pensa que é meu chefe?" Deu as costas e foi ao hall, encostou-se no balcão da antiga bombonnière, pediu um cachorro-quente completo. A mulher reclamou: “Um só por dia, por favor." Ele tinha vendido bombons e chocolates, balas e dropes, mas tivera de mandar de ramo; escolheu sanduíches rápidos e baratos. “O que está acontecendo lá dentro? O gerente ficou passado.” O policial riu: “O pessoal anda mandando brasa dentro da sala.”
O homem que tinha levado as calcinhas contemplou, deliciado, o alvoroço, desfrutou a perplexidade e imaginou a curiosidade de cada um. Teriam assunto para os escritórios, os clientes, o jantar em casa. Pena que não tivesse jornalista na platéia. Que boa idéia! Por que não telefonar para alguns? Chamar o Merten, o Zanin Oricchio, o Ignácio de Araújo, o Inimá Simões. O homem das calcinhas, diga-se como esclarecimento necessário, adorava cinema, lia colunas, recortava críticas. Quem sabe o Inimá escrevesse um livro: O erotismo nas salas?
No dia seguinte, o homem das calcinhas mudou de cinema e refez a operação, com sucesso. Foi repetindo a artimanha, percebendo gerente cada vez mais intrigados. Deliciados, remuniciava-se na banca da nordestina de rosto marcado, tinha simpatizado com a mulher. Ela, no entanto, não entendia por que aquele homem comprava tantas calcinhas e sutiãs. Seria um revendedor? Ou eram para uso próprio? Que tipo de uso? Quem era esse homem? Um tarado?
Esgotados os cinemas do centro, ele foi para o shopping. Os resultados foram melhores. No primeiro dia, deu a maior repercussão. Um pai ia sentar-se com as filhas, percebeu a calcinha no chão. Chamou o gerente, chamou todo mundo, fez escândalo, chamou o administrador do shopping, gritou que ia processar, retirou-se empurrando as jovens que riam, excitadas. E o homem das calcinhas repetiu a operação na sala 2, sem tanto estardalhaço, mas, de qualquer maneira, provocando igual assombro. O que se notava era a decepção das pessoas que gostariam de ter visto o acontecido. Numa segunda sessão, ele observou que quase ninguém prestava atenção no filme, as pessoas ficavam olhando em volta, mudavam de lugar, sentavam-se perto de casais, não importava a idade. Quando, ao acender as luzes, encontravam as calcinhas e sutiãs, era um murmúrio de frustração.
Percebeu que aquelas salas começavam a lotar, todo mundo procurando resolver o mistério das calcinhas que surgiam no escuro. Só que, com então, começou a espalhar calcinhas nos banheiros de restaurantes, ônibus, metrô, portas de cursinhos, escadas de emergência dos prédios, elevadores, por toda parte. E foi gerando curiosidade. Gastava seu salário e rejubilava-se porque as rádios e televisões começaram a comentar, os jornais procuravam o casal misterioso que transava por toda parte. Houve até mesa-redonda na TV com a Silvia Poppovic discutindo com bom humor a moralidade vigente.
E ele coleciona recortes, cola em álbuns. Interrompe a operação por um mês, retoma em local inesperado, o assunto volta à tona. E de sua janela, num apartamento da Praça Roosevelt, ele contempla a cidade que jamais vai decifrar o enigma. E considerando-se um privilegiado, dono de um segredo que intriga a todos, nem sente a dor da solidão em que vive e já se impregnou nele.


ANÁLISE CRÍTICA

Mylena Santos n°31

 

Calcinha Secreta,  é uma crônica digamos assim que me deixou curiosa , não gostei disso , achei super estranho os Homens comprarem as Lingerie e desnecessário o Senhor compra-las e jogara no chão do cinema. Dificultando o trabalho do Lanterninha .

 

Calcinha Secreta II

 Não gostei , deu a entender que o senhor que comprava as Lingeries só estava querendo chamar a atenção , e ficar conhecido , mesmo ninguem sabendo quem ele era . As pessoas pensavam muitas coisas sobre ele , isso para ele era bom . Mais desnecessário para a crônica, um Homem comprar tantas Lingerie só para causar polemicas.

 

Graziela Oliveira nº 43

 

O conto Calcinhas secretas, fala sobre um homem que compra lingeries e depois disso vai ao cinema e espalha algumas dessas peças, para poder ver a reação das pessoas que estavam lá assistindo ao filme. É uma situação não muito comum, até por que homens dificilmente compram lingeries. É até um conto interessante, porém não faz muito sentido, ele comprar essas peças e depois ir ao cinema, é um pouco confuso, não conseguimos saber o que a personagem realmente quer.

A continuação do conto tem um desfecho um tanto intrigante, pois o objetivo da personagem era apenas espalhar as lingeries e ver as reações das pessoas, o que não faz muito sentido para um homem adulto ter este tipo de comportamento. De tanto fazer isso, ele conseguiu chegar as tv’s e ninguém nunca descobriu quem fazia aquilo, as pessoas queriam saber qual era o casal que transava por todo lugar, mas mal sabiam eles que nada acontecia, apenas um homem tentando causar polêmicas.


Mariana Santos n°28

A crônica Calcinhas secretas, diz a respeito que homem queria provocar uma reação nas pessoas, ele teve a ideia de comprar lingeries e espalhar pelo cinema, público teve uma reação e se perguntaram para si mesmo “que casal está transando no cinema”, e nunca descobriram que foi um homem que compro a lingeries e jogou pelo cinema. Achei super interessante essa crônica porque hoje em dia homem não compra lingeries e da parte do homem ele foi bastante ousado.

Rayane Silva n°32

Esse conto calcinhas secretas tem muito haver com os dias de hoje,porque tem muitos homens fingindo ser o que nao é,o policial que ganho por aquilo que ele nao esta fazendo,ou seja ele ganho pra esta protegendo a população ,esta de olho no que esta acontecedno,só que na verdade ele esta preocupado com o seu bem-estar.E o casal que tem relações dentro do cinema,isso é um ponto muito negativo pois acontece nos dias de hoje dentro de uma sala de cinema ,então aquilo que era pra ser uma coisa divertida,acaba sendo imoral,pois é um lugar frequentado por familias ,criança de certa forma acaba destruindo uma moral .
O segundo conto esta tratando de um homem que por pura diversão sacaneia o unico lugar onde se conserva a dignidade.O homem das calçinhas quer chama atenção querendo levar o tal assunto ao jornalista,mostrado a verdadeira realidade que acontecia dentro da sala de cinema.Ele esta mostrado que as salas de cinema,nao estava servino somente para filmes,mais sim para os casais praticar suas necessidade sexuais.Ele mostra que em toda parte que as pessoas vão ou estão há uma atração sexual uma pela outra e naquele que ela estão elas praticam sem se precupar com as opinião alheias,mas sim precupados .

Elom n°12

Eu fiquei com um enorme ponto de interrogação na cabeça depois de ler essa crônica de Ignácio de Loyola Brandão. Pelo qual motivo eu compraria várias calcinhas e sutiãs e depois jogaria nos corredores do cinema para criar duvida e intriga? E isso realmente me intriga. Qual foi o motivo desse rapaz fazer tudo isso? Tenho três hipóteses para isso. Primeira e mais aparente: o cara quer ter seus quinze minutos de fama. Segunda: Ele queria ver um flagra e mostrar que em cinemas tem mais pessoas fazendo sexo do que em um local apropriado, ou Terceira: quer se divertir com a reação e repercussão dos casos causados por ele mesmo.
Nessa segunda parte é que fica marcante a duvida. Por que ele anda fazendo isso? Minha conclusão é querer mostrar que as pessoas fazem sexo em tudo que é parte, e ainda se divertir com esse mistério todo. Isso realmente acontece, não é mesmo? Creio que esse é o ponto principal, o autor mostrar que isso acontece realmente, e nós não percebemos.


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Nossos Erros

Três meses de namoro, Luciana tinha feito dezessete anos. Seu namorado, Carlos, de dezenove, vinha lhe prometendo a melhor noite de todas. Aproveitou que seus pais sairiam  para arrumar toda a casa. A surpresa de Luciana estava perto. Com sua chegada de olhos vendados, Carlos a conduziu até o quarto dos pais, onde a cama de casal estava enfeitada com pétalas de rosas. Carlos tirou o pano que tapava os olhos de sua namorada. Luciana se maravilhou com a grande surpresa. Aos poucos o casal foi esquentando o momento, até estarem nus na cama. Então tudo aconteceu como Carlos queria.
Semanas se passaram. Luciana estava pronta para contar sua gravidez a Carlos. Que reagiu de forma muito incomodada, até sugeriu que Luciana abortasse a criança, lhe dando dinheiro. Ela deixou claro que seria incapaz de fazer o que ele queria. Carlos pensou bem na situação e decidiu deixar o filho nascer. A maior dificuldade seria os dois contar aos pais sobre a gravidez. Luciana foi a primeira. Ela entrou numa pequena discussão com a família, mas o acordo foi que pai e mãe ajudariam na criação. Com Carlos foi completamente diferente. O expulsaram de casa, e o trato foi: “Nunca mais volte, você nos envergonhou”.
Carlos passou a morar com Luciana. Ele prometeu que trabalharia e ajudaria a cuidar. Com o passar do tempo Carlos foi se esforçando para arranjar um trabalho. Seu bebe estava perto de nascer. Luciana amadureceu nas tarefas de mãe, e Carlos se tornou policial militar. O pequeno Bruno nasceu, mas Carlos não estava presente. E foi assim durante a fase de crescimento de Bruno, que pelos cuidados somente dá mãe, sentia raiva por não ver o pai.
- Meu filho, seu pai anda muito ocupado! São muitos casos para cuidar, meu amor.
- Que saco mãe! Ele nunca tem tempo para nada!
Carlos se tornou ausente na vida de Bruno e de Luciana. O filho começou a passar a maior parte do tempo com os amigos, que moram em um morro um pouco longe de sua casa. Lá Bruno descobriu o que não devia. Em meio à violência da favela, Bruno se envolveu com contrabando de drogas. O garoto tinha um gênio ameaçador, ruim e Inteligente. Ele cresceu dentro desse meio, e virou chefia do morro. O único amor que ele sentia, era pela mãe. O crime rendia um bom dinheiro e ele ajudava no que podia.
O contrabando acarretou em várias mortes, devido às ações policiais na favela. Seus amigos se foram, mas sua frieza permaneceu.
Certa tarde, Luciana foi à procura de Bruno. Ela subiu até o morro, onde estava ocorrendo uma operação policial. Lá viu seu filho atirando contra os PMs. No desespero, Luciana tentou gritar para Bruno não atirar, ele ouviu a voz da mãe, mas não entendia o porquê.
- Bruno não atire!
- Mãe sai daqui, isso não é da sua conta! Ele já está caído mesmo!
- Você não o reconhece Bruno?! Meu deus, é o seu pai!
A palavra chocou Bruno. Suas mãos tremiam, as lágrimas caíam. Seu dedo do gatilho se distanciou:
- Não vou matá-lo. Não sou igual a ele.

Bruno virou as costas para o pai ferido e sumiu entre os tiros.

Bela Vida

Noélio tinha problemas familiares. Suas mágoas eram afogadas na bebida. Ela se tornou parte de seu corpo, seu vício era incapaz de se controlar e sua agressividade também. A mulher, cansada de fazer boletins de ocorrência, procurava ajuda das irmãs; mas nem as próprias tinham coragem de ajudá-la, já a alertaram o suficiente. O cão irracional, adotado pela mulher também sentia a dor da dona. Sempre quando presenciava a cena de Noélio partindo para cima da mulher, o cão tentava atacá-lo para protegê-la e, nessa tentativa acabava com as marcas do ódio do homem peverso.
- ESSE CÃO MIZERÁVEL AINDA VAI MORRER ADELAIDE! ASSIM COMO VOCÊ!
Os dias foram se passando e a pobre mulher não estava preparada para o que viria adiante. Na calada da noite Adelaide pode ouvir a chegada de Noélio, e as várias risadas. Eram mulheres. Adelaide ouviu tudo, os beijos e os gritos. A mulher passou a noite acordada pensando se teria a coragem de revelar o filho que carregava em sua barriga. Meses foram se passando com as mesmas agressões violentas. Dentro desse tempo, mesmo Noélio bêbado, acabou percebendo a grande protuberância na barriga de Adelaide:
- EI, LEVANTA ESSA BLUSA.
- Por que meu amor?
- LEVANTA LOGO!
- Mas Noélio, por que a curiosidade?!
O homem estressado puxou a mulher a força e levantou sua blusa, a barriga estava grande o bastante para notar que uma vida se formava ali. Noélio ficou possesso.
- SUA CADELA! COMO NÃO ME CONTOU ISSO?!
- Noélio eu estava assustada!
- VOCÊ VAI SE LIVRAR DESSE MALDITO!
- Não! Meu bebe não!
O rapaz descontrolado correu para a cozinha. Na direção da mulher ele apontou um facão de quarenta centímetros e, ameaçou Adelaide.
- Noélio pelo amor de Deus não faça isso! É seu filho!
- EU NÃO VOU CUIDAR DESSE DESGRAÇADO! NEM DEVE SER MEU FILHO!

A briga então se iniciou. Nada podia ser feito, pois os dois moravam em um sertão bem longe da cidade e o sol já estava se pondo. Noélio completamente louco de si desferiu vários cortes contra a mulher, que na tentativa de se defender se machucou muito. O cachorro atordoado levou um golpe nas costas e morreu instantaneamente. O homem, enquanto lutava, choramingava palavras de amargura, desprezo e solidão. A mullher estava cansada e morrendo aos pouco pela perda de muito sangue. Quando o rapaz viu que seus olhos já estavam fechados, proferiu uma frase: “Vida, porque fizeste isso comigo, não poderei me contentar-se com tamanha desgraça; que é esta vida bela com que me desfaço agora”. Imediatamente o homem se alto esfaqueou, caindo ao lado da mulher. Sem vida.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O Beco do Vilarejo

Moro em um pequeno vilarejo sem nome. Isso, sem nome algum! As tentativas da minha mãe de colocar um nome neste lugar ficaram apelativas: cartazes por toda parte e o uso da internet. Ainda fico surpresa desse meio de comunicação funcionar aqui, com menos de cem habitantes. Essas ideias não me deixam louca, apenas entediada.
Trabalho num supermercado, pelo que dizem se localiza no centro. Eu estava super atrasada e irritada.
- Vamos Hênera! Seu turno hoje é mais tarde, pare de embolação.
- Calma, só fui pegar a bolsa. Beijos.
Meu horário no trabalho era das dezoito horas à meia-noite, mas hoje ia perdurar até uma hora da manhã. Ela só me alertava em ter cuidado com as ruas à noite na volta para casa. Morar nesta “imensidão” não facilitava as coisas. Não estava livre dos perigos, pois segundo o povo indignado, um estuprador estaria rondando os cantos deste lugar. Isso não me despertava medo e sim preocupação. Mas fora isso eu estava normal.
Sempre na volta para casa eu ouvia uma melodia, não era uma melodia qualquer; parecia ser tocada por um profissional. O som acusava vir de um beco próximo ao supermercado. O dono das canções era um senhor morador de rua. Velho, e com as mãos desgastadas por tocar um instrumento de sopro, a única coisa que o devia confortar era seu colchão sujo e o pequeno instrumento. As melodias agradavam meus ouvidos, eram lindas demais e eu era incapaz de não o presentear com alguns trocados.
- Fico agradecido pequena Lua da Meia-Noite...
Além de ser bem simpático era talentoso. Nunca o tinha visto aqui e nem menos escutado suas músicas. Talvez seja meu horário. Ele deve ter gostado do agrado e tocou mais serenamente.
- São ótimas senhor! Você se daria bem no ramo musical.
- Qual é seu nome pequena lua?
- Hênera.
- Ah sim, Hênera! Lindo nome, brilho excepcional.
- Ah...obrigada! E... seu nome é?
Ele me respondeu com um simples sorriso. Agora meus expedientes se somavam nessa rotina, inventar desculpas para a minha mãe e passar mais tempo com o humilde senhor da flauta. Na noite seguinte ele estava sentado em seu banco e preparado para tocar seu instrumento de sopro. No momento em que me viu, sua boca inspirou o ar para dentro e se soltou, fazendo cada dedo tampar os buraquinhos. Eu não tinha palavras para o que saia daquele objeto. Eu simplesmente fiquei quieta admirando a harmonia do som melódico. Foi a melhor noite que já tive, não contive minhas lágrimas, a música transmitia alegria e tristeza juntas.
- É maravilhoso! Como ela se chama?
- Não tem nome pequena lua da meia-noite, só sinta.
- Por que não procura algo em cima de seu talento?
- Ah linda moça! Você alegra o coração do velho, porém só toco para o doce vento e intenso escuro. A noite tem de ser bela e nunca esquecida.
- Muito bonito! Mas eu infelizmente preciso ir, minha mãe deve estar preocupada. Não me esquecerei de passar aqui.
Eu estava prestes a virar a calçada.
-Pequena lua?
-Sim?
-Nunca se esqueça da luz que guarda em seu coração.
Suas palavras e suas melodias começaram a fazer parte da minha memória. Eu não estava pronta para receber a notícia tão previsível. Não pude visitá-lo por problemas familiares, mas na segunda-feira não o vi, o beco estava interditado e a notícia veio a calhar do meu chefe. Tinha sido espancado pela vizinhança até a morte, após descobrirem que era o estuprador que tanto falavam. Meus ouvidos não estavam preparados para tal notícia, eu era incapaz de acreditar! Eram só boatos, como puderam fazer isso? Eu estava horrorizada.

Depois dos fatos contados, eu só via a minha sombra. A noite passou a ser quieta, e o beco... bem, não teve mais existência para mim. A noite se tornou mórbida. E aquele pobre senhor, virou fruto das minhas lembranças. 

Carlos Drummond de Andrade

"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade".



Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
 Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade. As 10 principais obras de Drummond são:  A Máquina do Mundo, Congresso Internacional do Medo , Poema da purificação Poema de Sete Faces ,  Tarde de Maio , Ausência , Canção Final ,Para Sempre , Quadrilha, No meio do caminho.

Fonte: http://www.releituras.com/drummond_bio.asp

Análise dos poemas:

Poema da Purificação

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.
As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.
Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.

Análise deste poema: Entre tantas brigas, tantos combates o lado bom sempre vence, mais todas batalhas deixam marcas e cicatrizes que atingem até inocentes . E no fim sempre tem um anjo maior que sempre acolhe os vencedores e perdedores. Esse poema foi escolhido pelos seguintes fatos : Descreve fatos que acontecem em nosso cotidiano , que apesar de todo mau que há no mundo , em qualquer lugar , o lado bom sempre vence , porque o Bem rompe  o Mau .O bem pode-se dizer que é um anjo em nossa vida , porque ele sempre nos ajuda , Ajuda a não cometer tantos erros , ajuda a não fazermos tantas burradas , é como se o mau nos perseguisse para tentar fazer com que façamos burradas , mais ai o bem chega e tudo fica bem.

Para Sempre                      

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento. 
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Análise deste poema: Este poema consiste em falar ,ou melhor, Questionar o porque Deus tem que levar nossas mães , Porque tirar ela de perto de nós ? Porque ser mãe é não ter limites para nada , é enfrentar tudo que tem de se  aparecer , barreiras , obstáculos , tudo pode te certeza disso.Mãe três palavras mais um sentimento que não se mede , não se compara com nada nesse mundo , Mãe é um ser UNICO, que nada é mais importante em nossa vida do que nossa Mãe , por isso o nome do Poema Para Sempre. A escolha deste  poema foi meio que Obvia , porque é um poema que descreve um sentimento que todos nos sentimos , muitas vezes não falamos isso tudo para elas mais no fundo nos todos sentimos a mesma coisa , o mesmo sentimento , um amor  inexplicável , mesmo ela morrendo ela sempre estará viva em nossa mente , nosso coração em tudo .

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Análise deste poema: Este poema retrata dos obstáculos que aparecem em nossas vidas, em nossos caminhos , porque quando dizemos : - '' A isso que esta acontecendo é um pedra no seu caminho mais isso passa , são obstáculos que você tem que passar para consegui. '' Mais essas pedras que aparecem em nossos caminhos nos servem de aprendizado por isso ninguém as esquece porque nos serve de aprendizado ,  são dessas pedras que aprendemos a viver .  A escolha deste poema, foi uma coisa que mexeu com o meu pensamento porque se você parar para pensar e analisar também retrata fatos do nosso cotidiano , só que em fatos diferentes .

 

Fonte: http://www.revistabula.com/391-os-dez-melhores-poemas-de-carlos-drummond-de-andrade/

Analisado pela aluna Mylena Santos, nº 31

 

Vinícius de Moraes

"Que não seja imortal, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure ..."


Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes nasceu em 19 de Outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro - RJ, e pertenceu à segunda geração do Modernismo no Brasil. Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da prefeitura, poeta, violonista amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista também amadora.
Viveu toda a sua infância no Rio, tendo nascido no bairro da Gávea, aos três anos se mudou para Botafogo para morar com os avós e estudar na Escola Primaria Afrânio Peixoto.
Em 1929 concluiu o curso ginasial e a família retornou para a Gávea. Nesse mesmo ano ingressou na Faculdade de Direito do Catête e se formou em Direito em 1933, ano em que publicou “O Caminho para a Distância”, seu primeiro livro de poesia. Em 1935, recebeu o prêmio Filipe d’Oliveira pelo livro Em 1935, seu livro Forma e exegese. Nos anos seguintes publicou ainda muitos poemas e ficou conhecido como um dos poetas brasileiros que mais conseguiu traduzir em palavras o sentimento do amor, tornando-se assim um dos poetas mais populares da Literatura Brasileira. Vinícius de Moraes Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980.

Fonte: http://www.infoescola.com/escritores/biografia-de-vinicius-de-moraes/

Análise dos poemas:

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Análise deste poema: No poema o autor fala sobre uma velha amizade que havia se acabado, mas que agora renasceu uma nova amizade. Ele se sente feliz ao perceber que apesar de tantos erros no passado, seu amigo lá no fundo era a mesma pessoa, com os mesmos sentimentos.
A escolha do poema foi feita com base no tema, pois a amizade é algo que acontece na vida de qualquer pessoa, é sempre bom ter amigos por perto, pessoas que trazem felicidade as nossas vidas.

Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar
Análise deste poema: O poema retrata e encontro de duas almas gêmeas através do olhar. O autor está ansioso e já não pode esperar, quando seu olhar encontrar o de sua amada, ele conclui que seu desejo é se casar.
A escolha do poema foi baseada no assunto principal, algo que acontece no cotidiano, que é o amor. O quão bom é sentir a paixão e isto estar escrito em alguns versos.

Amor em paz

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
Análise deste poema: No poema "o amor em paz" o eu lírico relata um possível amor frustrado. Ele sabendo que iria sofrer optou por amor. Quando ele menos espera, encontra o verdadeiro amor em outra pessoa e teve certeza que não sofreria mais como anteriormente, mas ressalta que um amor desfeito é triste e deixa cicatrizes.
Escolhi este poema, pelo simples fato de relatar a verdade, pois quando um amor acaba é muito triste para as pessoas que estão envolvidas, porém quando se encontra um amor novo, onde você encontra paz naquela pessoa e ela te completa é algo que nos causa felicidade.

Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/NTQ1OTg/
http://pensador.uol.com.br/frase/NDUzNjgy/
http://pensador.uol.com.br/frase/MjExNDQ4/

Analisado pela aluna Rayane Silva, nº32









Cora Coralina

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina".



Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985 é a grande poetisa do Estado de Goiás. Se achava mais doceira do que escritora. Em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha. Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934. “Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida, participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a doçura da alma de escritora e confeiteira.

Fonte: http://pensador.uol.com.br/autor/cora_coralina/biografia/

Análise dos poemas:

Das Pedras

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.

Análise deste poema: O primeiro verso da primeira estrofe mostra a libertação que o eu poético alcançou, a flexão do verbo registra uma situação anterior e confirma a superação. A metáfora final é um verso para se guardar: “Levantei a pedra rude dos meus versos”, esta lição registra que os obstáculos do poeta se fundam nele mesmo, o adjetivo “rude” aponta a origem desta lírica de artesã, que naturalmente aborda a sua arte e realiza um brilho incontestável.
O poema retrata sua luta, alguns obstáculos para chegar onde está, mesmo com dor com medo e com dificuldades permaneceu firme e não se esquivou.
A escolha do poema deve-se ao fato de retratar as escadas da vida, a superação, o ânimo em chegar à vitória.

Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite minha pobreza
tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.

E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Análise deste poema: Estes versos falam de nossa condição existencial: Cora mostra a pobreza. Só a sabedoria com nossa existência trágica, nos fará descobrir esta nossa condição. E demora até chegarmos lá, aonde Coralina chegou, haja aceitação, tolerância, amor, força e poder. Pensamos que damos conta de tudo, e nosso corpo vivido acaba por carregar um peso morto, das nossas ilusões. Este poema te um quê de ânimo mesmo com tanta dificuldade.
Escolhi este poema devido às palavras mansas, pois mesmo com as dificuldades e talvez sem nem ter o que comer o eu lírico demonstra gratidão.

Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Análise deste poema: Este poema retrata a madureza e os valores de uma mulher vivida, que sabe de todos os seus atos e as consequências de cada um. Na vida temos consequências que nem sempre esperávamos, mas sabemos que são essas surpresas que acaba nos fazendo aprender a seguir em frente e não fazer errado novamente. Este poema mostra contradições de "lutas e pedras como lições de vida", isto que dizer que mesmo difícil, desistir, te fará derrotado.
 A escolha do poema é porque fala da vida e de suas escolhas e consequências. Mostra e relata que sempre temos que seguir em "frente".

Cora Coralina tem o dom de animar quem está triste, de dar ajuda ao necessitado com palavras de ânimos sempre. Cora é um exemplo de mulher sensível e prestigiosa, isso que me agradou na sua história de vida, e lógico em seus poemas.

Fonte: http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p010366.htm
 http://apoesiadosoutros.blogspot.com.br/2009/05/senhor-fazei-com-que-eu-aceite-             minha.html
 http://www.releituras.com/coracoralina_vida.asp

Analisado pela aluna Kamylla Lima, nº22


Cecília Meireles

"Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade".


Cecília Meireles (1901-1964) nasceu no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901.
"Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
 Algumas de suas publicações:

Solombra, 1963
A Festa das Letras, 1937
Batuque, Samba e Macumba, 1935 (ensaio - Portugal)
Canções, 1956

Análise dos poemas:

Canção Mínima

No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
                                                   
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta

Análise do poema : Este poema de Cecília traz uma mensagem de grande reflexão,  a questão do poema é a nossa posição dentro do planeta. As vastas possibilidades de descobrir coisas novas e como elas se desenvolvem em nossa volta e, principalmente, como essa liberdade de questionamento nos afeta. Além das palavras serem muito bonitas, o que chamou a minha atenção foi a intenção do poema, em vc pensar sobre o universo. Gosto de mistérios, gosto de tentar desvendar as coisas.

 Improviso do Amor-Perfeito – Pág 87

Naquela nuvem, naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.
Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito?
Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.
Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito?
Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se alteia,
entre pálpebras de areia...
Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.

Análise do poema: Neste poema se refere a um sofrimento, que sofrimento? A busca pelo amor perfeito. Mesmo passando por tristezas, a busca pelo amor continua, pois não vivemos sem esse sentimento. E claro, a questão de Deus no envolvimento do sentimento. Esse envolvimento espiritual.O amor me dá esperanças. É um sentimento que gosto de carregar comigo e que tem um significado muito bonito, e isso me instiga bastante. Por isso esse interesse.

 Se eu fosse apenas... – Pág 98

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vais desfazendo a minha vida!
Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora!
- de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa..

Análise do poema: O foco desse poema são os defeitos da humanidade, toda a mágoa causada e comparação com a natureza, sendo o processo que logo dá a entrada de toda a tristeza que causa o ser humano. E de todas as mágoas que cada elemento em metáfora lhe trouxe.
Justamente essa comparação com elementos da natureza. Amo a natureza e ela me faz sentir vivo. Como se nós dependêssemos dela. Até porque sem árvores neste mundo, seria difícil respirar.

Analisado pelo aluno Elom Rolim, nº12

Fonte: http://www.releituras.com/cmeireles_bio.asp
Livro Cecília Meireles (Coleção Melhores Poemas)