sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Nossos Erros

Três meses de namoro, Luciana tinha feito dezessete anos. Seu namorado, Carlos, de dezenove, vinha lhe prometendo a melhor noite de todas. Aproveitou que seus pais sairiam  para arrumar toda a casa. A surpresa de Luciana estava perto. Com sua chegada de olhos vendados, Carlos a conduziu até o quarto dos pais, onde a cama de casal estava enfeitada com pétalas de rosas. Carlos tirou o pano que tapava os olhos de sua namorada. Luciana se maravilhou com a grande surpresa. Aos poucos o casal foi esquentando o momento, até estarem nus na cama. Então tudo aconteceu como Carlos queria.
Semanas se passaram. Luciana estava pronta para contar sua gravidez a Carlos. Que reagiu de forma muito incomodada, até sugeriu que Luciana abortasse a criança, lhe dando dinheiro. Ela deixou claro que seria incapaz de fazer o que ele queria. Carlos pensou bem na situação e decidiu deixar o filho nascer. A maior dificuldade seria os dois contar aos pais sobre a gravidez. Luciana foi a primeira. Ela entrou numa pequena discussão com a família, mas o acordo foi que pai e mãe ajudariam na criação. Com Carlos foi completamente diferente. O expulsaram de casa, e o trato foi: “Nunca mais volte, você nos envergonhou”.
Carlos passou a morar com Luciana. Ele prometeu que trabalharia e ajudaria a cuidar. Com o passar do tempo Carlos foi se esforçando para arranjar um trabalho. Seu bebe estava perto de nascer. Luciana amadureceu nas tarefas de mãe, e Carlos se tornou policial militar. O pequeno Bruno nasceu, mas Carlos não estava presente. E foi assim durante a fase de crescimento de Bruno, que pelos cuidados somente dá mãe, sentia raiva por não ver o pai.
- Meu filho, seu pai anda muito ocupado! São muitos casos para cuidar, meu amor.
- Que saco mãe! Ele nunca tem tempo para nada!
Carlos se tornou ausente na vida de Bruno e de Luciana. O filho começou a passar a maior parte do tempo com os amigos, que moram em um morro um pouco longe de sua casa. Lá Bruno descobriu o que não devia. Em meio à violência da favela, Bruno se envolveu com contrabando de drogas. O garoto tinha um gênio ameaçador, ruim e Inteligente. Ele cresceu dentro desse meio, e virou chefia do morro. O único amor que ele sentia, era pela mãe. O crime rendia um bom dinheiro e ele ajudava no que podia.
O contrabando acarretou em várias mortes, devido às ações policiais na favela. Seus amigos se foram, mas sua frieza permaneceu.
Certa tarde, Luciana foi à procura de Bruno. Ela subiu até o morro, onde estava ocorrendo uma operação policial. Lá viu seu filho atirando contra os PMs. No desespero, Luciana tentou gritar para Bruno não atirar, ele ouviu a voz da mãe, mas não entendia o porquê.
- Bruno não atire!
- Mãe sai daqui, isso não é da sua conta! Ele já está caído mesmo!
- Você não o reconhece Bruno?! Meu deus, é o seu pai!
A palavra chocou Bruno. Suas mãos tremiam, as lágrimas caíam. Seu dedo do gatilho se distanciou:
- Não vou matá-lo. Não sou igual a ele.

Bruno virou as costas para o pai ferido e sumiu entre os tiros.

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