sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Bela Vida

Noélio tinha problemas familiares. Suas mágoas eram afogadas na bebida. Ela se tornou parte de seu corpo, seu vício era incapaz de se controlar e sua agressividade também. A mulher, cansada de fazer boletins de ocorrência, procurava ajuda das irmãs; mas nem as próprias tinham coragem de ajudá-la, já a alertaram o suficiente. O cão irracional, adotado pela mulher também sentia a dor da dona. Sempre quando presenciava a cena de Noélio partindo para cima da mulher, o cão tentava atacá-lo para protegê-la e, nessa tentativa acabava com as marcas do ódio do homem peverso.
- ESSE CÃO MIZERÁVEL AINDA VAI MORRER ADELAIDE! ASSIM COMO VOCÊ!
Os dias foram se passando e a pobre mulher não estava preparada para o que viria adiante. Na calada da noite Adelaide pode ouvir a chegada de Noélio, e as várias risadas. Eram mulheres. Adelaide ouviu tudo, os beijos e os gritos. A mulher passou a noite acordada pensando se teria a coragem de revelar o filho que carregava em sua barriga. Meses foram se passando com as mesmas agressões violentas. Dentro desse tempo, mesmo Noélio bêbado, acabou percebendo a grande protuberância na barriga de Adelaide:
- EI, LEVANTA ESSA BLUSA.
- Por que meu amor?
- LEVANTA LOGO!
- Mas Noélio, por que a curiosidade?!
O homem estressado puxou a mulher a força e levantou sua blusa, a barriga estava grande o bastante para notar que uma vida se formava ali. Noélio ficou possesso.
- SUA CADELA! COMO NÃO ME CONTOU ISSO?!
- Noélio eu estava assustada!
- VOCÊ VAI SE LIVRAR DESSE MALDITO!
- Não! Meu bebe não!
O rapaz descontrolado correu para a cozinha. Na direção da mulher ele apontou um facão de quarenta centímetros e, ameaçou Adelaide.
- Noélio pelo amor de Deus não faça isso! É seu filho!
- EU NÃO VOU CUIDAR DESSE DESGRAÇADO! NEM DEVE SER MEU FILHO!

A briga então se iniciou. Nada podia ser feito, pois os dois moravam em um sertão bem longe da cidade e o sol já estava se pondo. Noélio completamente louco de si desferiu vários cortes contra a mulher, que na tentativa de se defender se machucou muito. O cachorro atordoado levou um golpe nas costas e morreu instantaneamente. O homem, enquanto lutava, choramingava palavras de amargura, desprezo e solidão. A mullher estava cansada e morrendo aos pouco pela perda de muito sangue. Quando o rapaz viu que seus olhos já estavam fechados, proferiu uma frase: “Vida, porque fizeste isso comigo, não poderei me contentar-se com tamanha desgraça; que é esta vida bela com que me desfaço agora”. Imediatamente o homem se alto esfaqueou, caindo ao lado da mulher. Sem vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário