segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Cora Coralina

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina".



Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985 é a grande poetisa do Estado de Goiás. Se achava mais doceira do que escritora. Em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha. Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934. “Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida, participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a doçura da alma de escritora e confeiteira.

Fonte: http://pensador.uol.com.br/autor/cora_coralina/biografia/

Análise dos poemas:

Das Pedras

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.

Análise deste poema: O primeiro verso da primeira estrofe mostra a libertação que o eu poético alcançou, a flexão do verbo registra uma situação anterior e confirma a superação. A metáfora final é um verso para se guardar: “Levantei a pedra rude dos meus versos”, esta lição registra que os obstáculos do poeta se fundam nele mesmo, o adjetivo “rude” aponta a origem desta lírica de artesã, que naturalmente aborda a sua arte e realiza um brilho incontestável.
O poema retrata sua luta, alguns obstáculos para chegar onde está, mesmo com dor com medo e com dificuldades permaneceu firme e não se esquivou.
A escolha do poema deve-se ao fato de retratar as escadas da vida, a superação, o ânimo em chegar à vitória.

Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite minha pobreza
tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.

E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Análise deste poema: Estes versos falam de nossa condição existencial: Cora mostra a pobreza. Só a sabedoria com nossa existência trágica, nos fará descobrir esta nossa condição. E demora até chegarmos lá, aonde Coralina chegou, haja aceitação, tolerância, amor, força e poder. Pensamos que damos conta de tudo, e nosso corpo vivido acaba por carregar um peso morto, das nossas ilusões. Este poema te um quê de ânimo mesmo com tanta dificuldade.
Escolhi este poema devido às palavras mansas, pois mesmo com as dificuldades e talvez sem nem ter o que comer o eu lírico demonstra gratidão.

Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Análise deste poema: Este poema retrata a madureza e os valores de uma mulher vivida, que sabe de todos os seus atos e as consequências de cada um. Na vida temos consequências que nem sempre esperávamos, mas sabemos que são essas surpresas que acaba nos fazendo aprender a seguir em frente e não fazer errado novamente. Este poema mostra contradições de "lutas e pedras como lições de vida", isto que dizer que mesmo difícil, desistir, te fará derrotado.
 A escolha do poema é porque fala da vida e de suas escolhas e consequências. Mostra e relata que sempre temos que seguir em "frente".

Cora Coralina tem o dom de animar quem está triste, de dar ajuda ao necessitado com palavras de ânimos sempre. Cora é um exemplo de mulher sensível e prestigiosa, isso que me agradou na sua história de vida, e lógico em seus poemas.

Fonte: http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p010366.htm
 http://apoesiadosoutros.blogspot.com.br/2009/05/senhor-fazei-com-que-eu-aceite-             minha.html
 http://www.releituras.com/coracoralina_vida.asp

Analisado pela aluna Kamylla Lima, nº22


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