segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Fernando Pessoa

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena".




Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935. Fernando Pessoa foi morar, ainda na infância, na cidade de Durban (África do Sul), onde seu pai tornou-se cônsul. Neste país teve contato com a língua e literatura inglesa. Adulto, Fernando Pessoa trabalhou como tradutor técnico, publicando seus primeiros poemas em inglês. Em 1905, retornou sozinho para Lisboa e, no ano seguinte, matriculou-se no Curso Superior de Letras. Porém, abandou o curso um ano depois. Foi também influenciado pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também influências do simbolismo francês. Obras de Fernando Pessoa: Do Livro do Desassossego, Ficções do interlúdio: para além do outro oceano, Na Floresta do Alheamento, O Banqueiro Anarquista, O Marinheiro e Por ele mesmo.

Fonte: http://www.suapesquisa.com/biografias/fernando_pessoa.htm

Análise dos poemas:

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Análise do poema: O título do poema sugere uma análise de quem o escreve, ou seja, o autor está falando de si mesmo no poema. Logo no primeiro verso ele diz que, ele próprio é um fingidor e é muito bom nisso, que ele está sentindo uma dor que é verdadeira. Já na segunda estrofe, Pessoa menciona o público que lê seu poema, e diz que sente duas dores (real e fingida), mas que as pessoas não conseguem sentir suas dores e sim a ausência de dor, os leitores interpretam o tipo de dor, mas não sentem a mesma dor do autor. Sendo que, na última estrofe, o autor fala de seu coração, onde se cria uma confusão, nem ele mesmo consegue entender, pois é onde as dores e emoções são sentidas, um desabafo aos leitores, falando que sua dor é emocional e não acha uma solução para a mesma.
A escolha do poema foi baseada no contexto, pois é interessante quando um autor fala de si mesmo, sendo verdadeiro com que lê suas obras, fazendo uma análise do seu próprio eu.

Todas as cartas de amor…

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Análise do poema: O tema desse poema é o amor, dizendo o quanto as pessoas são ridículas quando estão apaixonadas. Quando o amor existe, as pessoas têm algumas atitudes que, são repensadas depois que todo o amor acabou. Que os sentimentos que são escritos nas cartas de amor, são considerados ridículos quando ele (o amor) deixa de existir. Falando que ele próprio já escreveu cartas de amor, e que hoje considera tanto as palavras, quanto os sentimentos esdrúxulos, e também querendo mostrar que na vida não se ama apenas uma vez, caso contrário não criticaria as cartas de amor dos apaixonados. Mas também menciona o fato de que, quem nunca escreveu uma carta de amor acaba sendo ridículo, pois são coisas que todas as pessoas passam e sente, o amor é algo para todos, e enquanto estamos sentido ele devemos ter atitudes que mais tarde iremos achar ridículas.
A escolha do poema é devido ao que é descrito, ou seja, o autor fala de coisas reais, se tratando do amor, algo complicado. Quando estamos apaixonadas fazemos coisas ridículas, que na hora é considerado o máximo, mas depois que todo o amor acaba são atitudes ridículas. Algo que qualquer jovem se identifica, só não apenas nos tempos de hoje, por que dificilmente se mandam cartas de amor, mas o tema que é abordado, sim.

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais       copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Análise do poema: O poema relata a lembrança do poeta de como era o dia de seu aniversário. No começo do poema, o autor foca na sua infância, já ao decorrer do mesmo ele relata como são os dias atuais dele. A primeira e a segunda estrofe falam do passado do eu – lírico, de como ele era feliz quando criança, especialmente naquela data. Já na terceira estrofe ele diz que é amado, e depois coloca um contraste do que ele era com o que ele é hoje, colocando na quarta estrofe que nos seus dias atuais, só há solidão, vazio e que não possui mais a companhia de seus entes amados. Seguindo com a próxima estrofe, ele tem vontade de realizar algo impossível, que é voltar a seu passado, dizendo que era feliz quando criança, mas só hoje percebe isso. Na sexta estrofe, é a imaginação do autor, pois ele descreve como era o dia de seu aniversário, na sétima estrofe ele retoma a consciência, há certo desespero na expressão ‘‘ó meu Deus’’, pois ela se repete, o autor diz que hoje o que lhe resta é apenas um futuro vazio, apenas viverá sua velhice, sem aquela felicidade que antes tinha, finalizando o poema com o verso que se repete em todas as estrofes, que marca a saudade do eu – lírico daquele tempo de menino.
A escolha do poema deve-se ao tema, pois o dia de aniversário é algo importante para qualquer pessoa, sendo que ao desenvolver o poema ele relembra sua infância algo que é muito bom, porém só reconhece a felicidade no presente, onde apenas há vazio e sofrimento. Afirmando que tem saudades daquele tempo, algo que é bom relembrar e guardar em nossas memórias.

Fonte:http://www.revistabula.com/522-os-10-melhores-poemas-de-fernando-pessoa-2/
 http://www.releituras.com/fpessoa_aniversario.asp

Analisado pela aluna Graziela Oliveira, nº43






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